Apresentação |
Promover o plurilinguismo no contexto educacional vai além do ambiente da sala de aula: trata-se de formar cidadãos sensíveis às pluralidades culturais e capazes de atuar em um mundo multicultural e interconectado (Kramsch, 2014; Morin, 2011). Esse contexto exige práticas pedagógicas que favoreçam o diálogo intercultural e a valorização da diversidade. Ao reconhecer o aprendiz como um ser dotado de um repertório pré-existente e em evolução, composto por sua língua materna e outras línguas, bem como por suas experiências socioculturais, a perspectiva plurilíngue reconfigurou a didática das línguas por meio das abordagens plurais. O ensino-aprendizagem passou a incluir não apenas as línguas em suas especificidades formais e sociocomunicativas, mas também os contextos socioculturais dos aprendizes, seus desenvolvimentos (meta)linguístico e (meta)cognitivo, suas representações das línguas, suas capacidades críticas para compreender o papel sociopolítico das línguas no mundo. Nesse sentido, a noção de competência plurilíngue e pluricultural (Coste, Zarate, Moore, 2009 [1997]) consolidou-se nos documentos de orientação para o ensino-aprendizagem de línguas, seja nos destinados ao ensino "singular" – de uma língua-alvo – como o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECRL) (Conselho da Europa, 2001), seja em estudos específicos, como o Quadro de Referência para as Abordagens Plurais (CARAP) (Candelier, 2012). Tendo em mente as contribuições das práticas plurilíngues para a formação integral dos indivíduos e a necessidade de promovê-las no âmbito da comunidade educativa, duas questões orientam o minicurso aqui proposto: i) Quais são as dimensões de ensino e aprendizagem a serem consideradas para a concepção de atividades didáticas com orientação plurilíngue?; ii) Como os professores podem articulá-las aos objetivos dos programas de ensino de línguas estrangeiras/adicionais? Para responder a essas questões, partiremos dos postulados teóricos da Didática do Plurilinguismo e de suas abordagens, em especial da abordagem plural da Intercompreensão das Línguas Românicas, baseando-nos nos descritores propostos pelo CARAP e em outros recursos, como o Referencial de Competências de Comunicação Plurilíngue em Intercompreensão (REFIC) (De Carlo & Anquetil, 2019). Em seguida, as atividades práticas terão como objetivo apresentar sugestões pedagógicas para integrar a perspectiva plurilíngue nas aulas de línguas, desde a sensibilização e o uso de estratégias de aprendizagem até uma reflexão crítica que valorize a diversidade linguística local e global e seu papel na construção de novos conhecimentos e competências. |